São Francisco comemora centenário de Goffredo da Silva Teles

A Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a conhecida São Francisco, preparou uma série de homenagens a um dos seus mais consagrados professores, que completaria 100 anos agora. Trata-se de Goffredo da Silva Teles Júnior, professor catedrático e emérito da São Francisco, um dos autores da “Carta aos Brasileiros”, que em agosto de 1977 pedia a volta da democracia no país. As homenagens vão culminar na sexta-feira (15/5) com uma cerimônia no Salão Nobre das Arcadas que terá a presença do vice-presidente da República, Michel Temer, que também foi aluno de Goffredo. O advogado Antônio Roberto Sandoval Filho, fundador da Advocacia Sandoval Filho, foi aluno do homenageado justamente no período da “Carta”. Para ele, “Goffredo é um grande símbolo do Direito e da luta pela democracia no Brasil”.


(Na imagem, detalhe da fachada da Faculdade de Direito – Campus Largo São Francisco. Foto: Marcos Santos)

Assessoria de Imprensa da FADUSP – 12 de maio

Eventos marcam centenário de Goffredo na Faculdade de Direito da USP

Para comemorar o centenário de nascimento do professor catedrático Goffredo da Silva Teles Júnior, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP) está com uma programação extensa, até dia 15 de maio, que envolve exposição de fotos e objetos, além de estande de livros, composta por obras do jurisconsulto que foram reeditadas pela Livraria Saraiva e o Migalhas. Para a sexta-feira (15/5), o Salão Nobre será tomado por ex-alunos, professores, alunos e autoridades, entre eles o vice-presidente da República, Michel Temer, com presença já confirmada, que irão fazer uma homenagem especial.

O professor José Carlos Madia, presidente da Associação dos Antigos Alunos, um dos ex-alunos do jurista, que completaria 100 anos no dia 16 de maio, lembra que outras autoridades farão discurso em homenagem a um dos mais queridos professores da Faculdade das Arcadas. Os ex-ministros José Carlos Dias e Flávio Flores Bierrenbach, coautores com Goffredo da Carta aos Brasileiros, Almino Affonso e Celso Lafer também irão homenagear Goffredo que recebeu o título de professor emérito dois dias antes de morrer. “Como não houve tempo de entregar a placa para ele, haverá uma entrega simbólica no dia 15”, diz.

As homenagens serão ampliadas ainda com apresentação do Coral da USP, além de sorteios de obras raras por parte do Migalhas, que todos os anos promove a Semana Goffrediana. O portal de notícias jurídicas também promove o concurso cultural “A crise da representação política no país”.
O diretor da Faculdade do Largo de São Francisco, professor titular José Rogério Cruz e Tucci, recorda que a porta do professor Goffredo esteve sempre aberta aos alunos, mesmo depois da aposentadoria. “Goffredo foi um dos professores mais queridos da Faculdade”, diz.

Liberdade

Goffredo esteve presente nos momentos mais importantes da política. Também tem seu nome eternizado em grandes instituições e na memória dos juristas mais renomados do cenário nacional. Foi dele um dos levantes contra a Ditadura, em agosto de 1977, quando leu em frente às Arcadas da Faculdade do Largo São Francisco a “Carta aos Brasileiros”, um grito de liberdade em pleno regime de Exceção. É remetida a ele ainda a responsabilidade de ajudar a formar grandes nomes da política, da magistratura e da advocacia. Entre os ilustres mais recentes, estão o ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli, o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

Madia revela que ele sempre foi apaixonado pelo pátio das arcadas. Em uma de suas frases, Goffredo salienta: “É o pátio da amizade, o pátio da convivência, da harmonia humana, da poesia. Não é sem motivo que na porta de entrada da faculdade, gravados na pedra, estão os nomes de três meninos de nosso pátio: Castro Alves, Álvares de Azevedo e Fagundes Varella. O destino da faculdade está simbolizado desde as arcadas da entrada”, filosofava.

Democracia de mentira

Mestre Goffredo, que foi deputado constituinte em 1946, e esteve à frente de seu tempo, se dizia convencido que o Brasil “vive uma democracia de mentira”. Formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1937, Goffredo começou a dar aulas em 1940. Durante 45 anos esteve lá, ensinando os mais jovens. Eram aulas de Introdução à Ciência do Direito, em que ele falava também sobre o amor, a poesia e a harmonia. Só se aposentou pela compulsória, quando completou 70 anos, em 16 de maio de 1985. Em agosto de 2002, voltou ao pátio da Academia de Direito de São Paulo para comemorar os 25 anos da leitura da Carta aos Brasileiros.

Goffredo foi casado três vezes. A primeira, com sua namorada de adolescência, Elza Xavier da Silva, a Zita. O casal teve um filho, Goffredo Neto, que morreu vítima de meningite aos dois anos. “A morte deste menino nos despedaçou e um ano depois perdi também minha mulher”, dizia. Anos depois, quando era deputado, conheceu Lígia Fagundes, então muito jovem e ainda longe de ser uma escritora, e com ela se casou. Não deu certo e a separação foi inevitável. Tiveram um filho, Goffredo Telles Neto, cineasta que morreu em 2006. Muitos anos depois da separação, Goffredo encontrou Maria Eugênia, sua mulher até os últimos dias e mãe de sua filha Olívia. Maria Eugênia havia sido sua aluna na faculdade.

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