Negociação emperra e servidores continuam em greve

Os servidores do Judiciário de São Paulo continuarão em greve. A decisão foi tomada no fim da tarde desta quarta-feira (22/9) em assembléia convocada para discutir a oferta feita pelo Tribunal de Justiça. O motivo alegado é o descumprimento, pelo TJ, do acordo selado na última segunda-feira (20/9). O Plenário do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou proposta para elevar em 14,58%, em média, os salários dos servidores do Judiciário, a partir de setembro. Segundo os servidores, o acertado seria de 17,43%. Os grevistas alegam também que não receberam garantia de que não serão descontados os dias de paralisação. Como o desconto foi autorizado por resolução, o Plenário precisa revogar essa decisão para que o acordo entre os servidores e o tribunal tenha valor. O TJ deu ultimato aos servidores, ameaçando descontar os salários daqueles que continuarem parados e abrir processo disciplinar administrativo para demitir os grevistas por abandono de emprego.

A proposta inicial dos servidores era de reajuste de 39,19%, retroativo a março. Com o andamento das negociações, passaram a reivindicar 26,39%, também não aceitos pelo governo do estado. No início de agosto, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Luiz Elias Tâmbara, ofereceu reajuste de 15% sobre a gratificação judiciária dos servidores, não aceito, desta vez, pelos grevistas. Segundo os servidores, uma reunião entre as entidades representativas das diversas categorias e o Tribunal de Justiça, realizada na última segunda-feira(20/9), definiu as bases do acordo em 17,43% de reajuste. Ficou decidido que os dias de paralisação não seriam descontados. Os servidores, por sua vez, afirmaram que farão um mutirão para tentar amenizar o atraso causado pela greve. Hoje o tribunal oficializou a proposta de reajuste de 14,58%. A medida desagradou os grevistas que decidiram manter a paralisação. Segundo as lideranças, “o Tribunal não fez propostas, só retaliações”. O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Edson Vidigal, afirmou que a greve do Judiciário paulista é ilegal, e a insistência em manter o movimento grevista resulta “num radicalismo”. O ministro defendeu a intervenção federal no estado, caso a paralisação não chegue ao fim. A greve é a maior da história do Judiciário paulista. Nos 86 dias de paralisação, cerca de 12 milhões de processos estão parados e 400 mil audiências foram suspensas.

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