Servidores prometem novos protestos contra o governador e a prefeita.
Reunidos no centro da capital, na sexta-feira, dia 28 de novembro, centenas de servidores públicos e lideranças de classe (foto à esquerda) decidiram os novos rumos do movimento contra o calote oficial. Uma decisão mereceu destaque. A partir de agora, os servidores estarão presentes em todos os compromissos públicos do governador e da prefeita de São Paulo para protestar em favor do pagamento dos precatórios alimentares. Somadas, as dívidas totalizam R$ 6,5 bilhões. “Só vamos parar quando forem pagos todos os precatórios alimentares”, afirmou José Gozze, presidente da Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça, ASSETJ. Também participaram do ato representantes do Madeca e da OAB-SP, como os advogados Felippo Scolari, Flávio Brando e Antônio Roberto Sandoval Filho. Clique aqui para ver mais fotos e informações sobre a manifestação.
O ato público, realizado na sexta-feira, dia 28 de novembro, reuniu centenas servidores que há anos esperam receber o dinheiro que lhes é devido em decorrência de sentença judiciais deferidas. “Isso é apenas o começo”, afirmou José Gozze, presidente da Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça.
Durante a manifestação, três medidas mereceram aprovação unânime. A partir de agora, os servidores estarão presentes em todos os compromissos públicos do governador e da prefeita de São Paulo para protestar em favor do pagamento dos precatórios alimentares. Também foi aprovado o estado de assembléia permanente e a regionalização das manifestações. Para Lineu Mazano, presidente da FESSP-ESP, Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos no Estado de São Paulo, o ato representa um marco luta pelo respeito aos direitos civis. “Só no DER, Departamento de Estradas de Rodagem, dos 9 mil aposentados, morrem 39 por mês sem receber seu precatório”, disse o líder sindical. “O Governo, contudo, não cumpre sua obrigação com cidadãos que deram sua vida ao serviço público”. “Presenciamos aqui um grande avanço nessa luta”, afirmou Mazano. Para ele, os sindicatos de servidores públicos estão cada vez mais comprometidos com causa. “E ainda temos apoio de outras entidades que não são ligadas aos servidores, como a OAB. Saímos daqui fortalecidos e esperançosos”.
A luta tem nome
O Estado de São Paulo não paga suas dívidas alimentares há seis anos. Esse calote é recorde. Dados oficiais indicam que a dívida do governo paulista é de R$ 3,5 bilhões e só fez crescer nos últimos anos. Atrás desses números há gente de carne e osso, que luta para receber o que a Justiça lhe garantiu. Gente como Amazílio Abrão, 68 anos, supervisor de ensino da rede pública estadual. “Não vejo movimento mais justo do que esse. Viemos a público para mostrar quem são nossos governadores”, disse Abrão, que é cliente da Advocacia Sandoval Filho. “Não quero receber esse dinheiro lá no cemitério”, concluiu ele. Para muitos servidores, o ato público serviu para alertar a sociedade civil quanto à situação de esquecimento em que se encontram os credores do Poder Público paulista. “O ato é muito importante”, afirmou Claudina Ceciliato Vasques, professora aposentada, que espera há dez anos o pagamento do seu precatório. “É um grito de alerta”. Ela conta um pouco de sua vida.“Sou do interior, vim para São Paulo, deixei meus filhos pequenos para poder abraçar essa carreira que eu acho muito digna, que é a de professor”, conta ela. “Nós já passamos, mas não morremos”, lembra Claudina, que ainda sonha em receber seu precatório para conseguir ter um pouco mais de sossego nesse momento de sua vida.
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